Entrevista Motivacional Em Psiconutrição

Entrevista Motivacional

ENTREVISTA MOTIVACIONAL EM PSICONUTRIÇÃO

Entrevista Motivacional (EM) é um estilo de conversa colaborativa que almeja o fortalecimento da motivação do paciente e seu comprometimento com sua própria mudança. Desde 1983, quando foi lançada, vem sofrendo modificações a fim de tentar se adaptar à complexidade que pauta a relação profissional-cliente (Miller & Rollnick, 2013).

A EM surgiu com o objetivo de auxiliar no tratamento da dependência química (Miller & Rollnick, 1983). Contudo, logo após a sua primeira publicação, percebeu-se que seu campo de intervenção poderia ser ampliado e aplicado em outros contextos, para outros tipos de pacientes e/ou patologias, como: diabetes (West, 2007), dietas (Brug, 2007), transtornos alimentares e obesidade (Dunn, 2006), promoção à saúde (Elliot, 2007), entre outros.

Este tipo de abordagem mais “gentil” e menos intimidadora, leva em conta 4 aspectos fundamentais (Miller & Rollnick, 2013): 

  1. Parceria
  2. Aceitação
  3. Evocação
  4. Compaixão
Entrevista Motivacional

Parceria: Reforça a necessidade do profissional em interagir e se interessar pela história e evolução do paciente. Profissional e paciente procuram saídas juntos. É uma parceria onde as experiências do cliente, sua perspectiva e opiniões são respeitadas. 

Aceitação: O profissional deve ter interesse e valorizar o potencial de cada indivíduo. Neste caso, o entrevistador deve reconhecer o direito do cliente à autodeterminação e facilitar suas escolhas. A aceitação consiste na empatia acurada, no suporte à autonomia do paciente e no reforçamento positivo de falas.

Evocação: O ideal é evocar as forças individuais que motivam a pessoa, ao invés de persuadir. A EM presume que os recursos e a motivação para a mudança se encontram no cliente e daí a necessidade do profissional evocá-los de modo a facilitar o processo de mudança. Evocar quer dizer lembrar, recordar.

Compaixão: Maneira de tentar fazer o profissional se aproximar mais verdadeiramente da pessoa e não do problema dela. Uma vez que o profissional consegue ter acesso à unicidade de cada paciente, torna-se possível uma melhor compreensão das complexidades individuais que dificultam as mudanças de comportamento. É um ato de aproximar-se para verdadeiramente ajudar.

Como podem ver, este é um tipo de abordagem serena e respeitosa, que mostra curiosidade em relação à forma como o cliente chegou ao estado em que se encontra.

A motivação para a mudança emerge de uma abordagem gentil e menos agressiva, sendo uma excelente ferramenta que nos ensina como auxiliar nossos pacientes a realizar mudanças saudáveis e duradouras.

Autora: Nta. Dra. Maria Fernanda Naufel

Em nosso Curso Intensivo Psiconutrição você terá acesso a uma aula exclusiva sobre esse tema.

Início: 10/08/2022

Referências 

Brug, J. et al. (2007) Training dietitians in basic motivational interviewing skills results in changes in their counseling style and in lower saturated fat intakes in their patients. Journal of Nutrition Education and Behavior, 39, 8- 12.

Dunn, E.C. , Neighbors, C. , & Larimer, M.E. ( 2006). Motivational enhancement therapy and self-help treatment for binge eaters. Psychology of Addictive Behaviors, 20, 4452

Elliot, D. L. et al. (2007). The PHKAME (Promoting Healthy Lifestyles: alternative models effects) firefighter study: outcomes of two models of behavior change. Journal of Occupational and Environmental Medicine, 49, 204-213. 

Miller W.R. (1983). Motivational interviewing with problem drinkers. Behavioural Psychotherapy, 11 , pp. 147-172

Miller, W. R. & Rollnick, S. (2013). Motivational Interview – helping people change. 3. ed. New York: The Guilford Press.

West, D. S. et al. (2007). Motivational interviewing improves weight loss with type 2 diabetes. Diabetes Care, 30, 1081-1087.

O que é o Modelo Transteórico aplicado à psiconutrição?

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O que é o Modelo Transteórico aplicado à psiconutrição?

O Modelo Transteórico aplicado à psiconutrição é um instrumento de apoio para mudanças comportamentais que vem se mostrando efetivo na avaliação de mudanças do comportamento alimentar.

Dividido em 5 estágios, o Modelo Transteórico auxilia em intervenções nutricionais mais efetivas, ao detectar em qual fase de mudança o paciente se encontra e o quão motivado está para realizar a orientação nutricional e mudanças de hábitos alimentares proposta.

Os 5 estágios abordados incluem: 

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Pré-contemplação: neste estágio o indivíduo ainda não reconhece e não se interessa pelo problema, não vê perspectiva e/ou não considera realizar mudanças.

Contemplação: o indivíduo já reconhece a existência do problema, considera alterar seu comportamento e já identifica riscos neste seu comportamento.

Decisão: nesta fase a mudança já é idealizada para ser adotada em curto período de tempo.

Ação: momento em que há alterações de fato no comportamento. Fase que exige dedicação e disposição para que recaídas sejam evitadas.

Manutenção: neste estágio já houve modificações no comportamento do paciente, e o objetivo principal é que os ganhos obtidos durante a fase de ação se mantenham.

Se você é profissional da saúde, em especial nutricionista e busca constantemente compreender os comportamentos alimentares de seus pacientes, conheça o Curso Intensivo Psiconutrição.

Neste curso, abordaremos os conceitos mais importantes acerca desse tema, passando pela base fisiológica até a psicológica. Enriquecendo a consulta e a prática clínica com ferramentas e técnicas efetivas tanto para o tratamento como para a prevenção de comportamentos alimentares disfuncionais. 

Autora: Profa. Dra. Maria Fernanda Naufel

 

Referências:

  1. Alvarenga M, et al. Nutrição Comportamental. Ed Manole. 2015.

 

  1. Lechner L et al. Stages of change for fruit, vegetables and fat intake: consequences of misconception. Oxford University press. 1998: 13(1): 1-11. 
  2. Total N & Slater B. Abordagem do modelo transteórico no comportamento alimentar. Ciência & Saúde Coletiva. 2007, 12(6): 1641-1650. 

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Qual a importância da psicologia na nutrição?

psicologia na nutrição

Qual a importância da psicologia na nutrição?

Os estudos sobre a psicologia na nutrição (ou psiconutrição) vêm se desenvolvendo cada vez mais. Uma vez que, os distúrbios nutricionais como os transtornos alimentares e mesmo a obesidade, estão, na grande maioria das vezes, diretamente relacionados aos distúrbios de humor como depressão e ansiedade. 

Além disso, a persuasão da mídia e das redes sociais também podem influenciar de forma negativa em inúmeros aspectos nutricionais. Desta forma, pesquisas dentro deste tema têm influenciado nas estratégias de intervenção nutricional, em rótulos de alimentos, na forma de comercialização dos alimentos, na relação dos indivíduos com a comida, no peso, entre muitos outros fatores.

Olhando pelo outro ângulo, inúmeras pesquisas apontam que a alimentação influencia diretamente em nosso humor, e por ser tão importante para saúde mental, também vem sendo bastante aprofundada dentro dos estudos que abrangem a Psicologia Nutricional.

Percebe-se que as deficiências nutricionais comumente encontradas em pacientes com distúrbio de humor são de ômega-3, vitaminas do complexo B, minerais e de aminoácidos (triptofano e outros). 

Portanto, a dieta equilibrada, contendo quantidades adequadas de macronutrientes, vitaminas e minerais é a ideal, enquanto dietas excessivamente restritivas em calorias ou que excluem algum dos macronutrientes, são nocivas para a saúde mental.

psicologia na nutrição

Veja, a seguir, algumas dicas alinhadas à psicologia na nutrição

    • Realizar pequenas refeições várias vezes ao dia
    • Prefira alimentos in natura ou minimamente processados
    • Consumir quantidades balanceadas de lipídios (principalmente de ômega-3)
    • Prefira carboidratos de baixo índice glicêmico
    • Incluir ao menos um alimento fonte de proteína magra em todas as refeições
    • Abuse de alimentos e especiarias ricas em antioxidantes
    • Mantenha uma microbiota saudável
    • Evite alimentos ultraprocessados, os de alto índice glicêmico, bebidas alcóolicas
    • Consuma bastante água
    • Controle o consumo de calorias e pratique exercícios físicos
    • Evite o sobrepeso e a obesidade
    • Pratique meditação

Autora: Profa. Dra. Maria Fernanda Naufel

No Curso Intensivo Psiconutrição falaremos sobre os conceitos mais importantes acerca do comportamento alimentar, passando pela base fisiológica até a psicológica. Enriquecendo a consulta e a prática clínica com ferramentas e técnicas efetivas tanto para o tratamento como para a prevenção de comportamentos alimentares disfuncionais. 

Início: 24/05/2022

Referências:

  1. Eva Selhub. Nutrition psyatry: your brain on food. Harvard Health Education. 2015. https://www.health.harvard.edu/blog/nutritional-psychiatry-your-brain-on-food-201511168626
  2. Firth J, Marrx W, Dash S, Carney R, et al. The effects of dietary improvement on symptoms of depression and anxiety: a meta-abalysis of randomized controlled trials. Psychosom Med. 2019;81(3):265-280.
  3. Molendijk M, Molero P, Sánchez-Pedreño F, Van der Does W, Martínez-González M. Diet quality and depression risk: A systematic review and dose-response meta-analysis of prospective studies. J Affect Disord. 2018;226:346-354.

Conheça os benefícios de uma alimentação saudável na gravidez

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Benefícios de uma alimentação saudável na gravidez

A gravidez é um estado fisiológico em que ocorre intensa síntese e crescimento celular, necessários para a formação dos tecidos materno-fetais, o que determina um aumento das necessidades nutricionais em relação ao período pré-concepcional. Se essas maiores exigências nutricionais não forem atendidas, podem afetar a saúde do binômio mãe-filho, trazendo diversas complicações.

A alimentação desempenha um papel fundamental no desenvolvimento do futuro bebê durante a gravidez e lactação. Imediatamente após a concepção, o organismo materno inicia uma série de processos fisiológicos, bioquímicos e metabólicos de adaptação que requerem um aumento das necessidades nutricionais para a gestação e lactação. O não atendimento dessas necessidades nutricionais está relacionado a problemas de prematuridade e morbimortalidade neonatal.

Cada gestante tem necessidades particulares, que se devem aos seus hábitos e costumes alimentares, e devem ser adaptadas aos desconfortos do estado fisiológico pelo qual estão passando e às suas preferências ou desejos. Os desconfortos que geralmente ocorrem durante os primeiros meses de gravidez, como náuseas e vômitos, impedem a nutrição adequada.

Nutrientes essenciais para uma alimentação saudável na gravidez:

alimentação saudável na gravidez

  • Proteínas: As necessidades proteicas aumentam com o crescimento dos tecidos maternos e fetais, que se aceleram a partir do segundo mês de gestação. Por isso, a ingestão de alimentos ricos em proteínas, tanto de origem animal quanto vegetal, é essencial para o bom desenvolvimento fetal.
  • Cálcio: Durante a gravidez ocorrem alterações que ajudam a suprir as necessidades de cálcio, aumentando a absorção intestinal, reduzindo as perdas pela urina e fezes e facilitando sua passagem pela placenta, além de aumentar a mobilização óssea. A ingestão de cálcio através de alimentos e/ou suplementos é essencial, seja em alimentos lácteos ou vegetais ricos em cálcio de origem vegetal.
  • Ferro: A ingestão dietética recomendada (IDR) para o ferro é de 27 mg/dia, que geralmente não pode ser coberta com a ingestão dietética, sendo necessária sua suplementação.
  • Zinco: A ingestão insuficiente de zinco está associada a baixo peso ao nascer e parto prematuro. As fontes alimentares deste mineral são principalmente frutos do mar, carnes, vísceras vermelhas, ovos e grãos integrais.
  • Ácido fólico: A deficiência de folato durante o início da gravidez está associada ao aumento da incidência de defeitos do tubo neural e anormalidades cardíacas congênitas.

Atualmente, considera-se que todas as mulheres que estão planejando uma gravidez devem tomar suplementos de ácido fólico. Recomenda-se uma ingestão adequada de ácido fólico pelo menos um mês antes da gravidez e durante os três meses seguintes, em uma gravidez planejada.

  • Ácidos graxos essenciais: a suplementação com ácidos graxos ômega-3 tem se mostrado eficaz no tratamento da depressão tanto em gestantes quanto em outros tipos de pacientes. Portanto, é aconselhável suplementar as mulheres grávidas com esses ácidos graxos para prevenir e tratar a depressão relacionada à gravidez. Foi demonstrado que o DHA é essencial para o desenvolvimento do cérebro, sistemas visuais e cognitivos de recém-nascidos e bebês.
  • Fibra: O aumento dos níveis de progesterona durante a gravidez provoca um relaxamento nos músculos do trato digestivo, o que explica a presença de sintomas como náuseas, vômitos, azia pós-prandial e constipação. Por isso, recomenda-se o consumo de alimentos fontes de fibras nesse período, que, aliados ao aumento da ingestão de água, estimulam a evacuação intestinal. As fontes alimentares de fibra dietética são vegetais crus e frutas; cereais e leguminosas com suas embalagens ou cascas.
  • Vitamina D: É essencial no metabolismo do cálcio. A placenta produz vitamina D que favorece o transporte transplacentário de cálcio. Os IDRs são semelhantes aos da mulher normal, 5 µg/dia. Não se esqueça que a principal fonte desta vitamina é a luz solar, para que, com a exposição regular ao sol, possam ser fornecidas quantidades suficientes.

Existem poucas fontes naturais de alimentos ricos em vitamina D, como peixes gordurosos e gemas de ovos; também é encontrado no leite. Atualmente, os leites evaporados são enriquecidos com esta vitamina.

Nutrientes fundamentais nos períodos de pré-concepção, gravidez e lactação

Adotar uma dieta balanceada durante a pré-concepção, gravidez e lactação, que inclua alimentos ricos em nutrientes, é o método ideal para suprir as necessidades nutricionais e garantir o pleno desenvolvimento e crescimento do feto e do recém-nascido.

Além de vitaminas e minerais, frutas, vegetais, grãos integrais, feijões e sementes fornecem outras substâncias que promovem a saúde, como carotenóides e polifenóis.2 No entanto, quando são identificadas deficiências nutricionais específicas que não são satisfeitas, ingestão alimentar individualizada, como nos períodos pré-gestacionais, durante a gestação e lactação, é imprescindível o uso de suplementação.

alimentação saudável na gravidez

Autor: Prof. Camilo Aburto 

Em nosso Workshop Nutrição Comportamental – foco no atendimento materno infantil, com a Nutricionista Elaine Padua, vamos falar sobre nutrientes que devem ser priorizados nessa fase.

Data: 16/04/2022

 

Referências

  1. Cereceda Bujaico Maria del Pilar, Quintana Salinas Margot Rosario. Consideraciones para una adecuada alimentación durante el embarazo. Rev. peru. ginecol. obstet.  [Internet]. 2014  Abr [citado  2022  Mar  22] ;  60( 2 ): 153-160. Disponible en: http://www.scielo.org.pe/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2304-51322014000200009&lng=es.
  2. Além da nutrição – O impacto da nutrição materna na saúde das futuras gerações. 2019. Editorial Luiz Martins, São Paulo, Brasil.

Qual o papel da nutrição no tratamento das doenças renais crônicas?

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Qual o papel da nutrição no tratamento das doenças renais crônicas?

O papel da nutrição é fundamental no tratamento das doenças renais crônicas, uma vez que uma boa prática nutricional vai facilitar o trabalho vital que os rins exercem para o organismo humano. 

Dentre as funções desempenhadas pelos rins, podemos destacar: 

  • a remoção de substâncias nocivas resultantes do metabolismo (como uréia, amônia, ácido úrico etc.);
  • a manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico (eliminando o excesso de água, sais e eletrólitos, evitando edemas e alterações da pressão arterial);
  • a produção de hormônios (como eritropoietina, vitamina D, aldosterona, renina, etc.);
  • a regulação do equilíbrio ácido básico, mantendo constante o pH sanguíneo. (Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (KDOQI), 2000). 

A doença renal crônica (DRC) consiste, geralmente, na perda lenta, progressiva e irreversível da função renal, de tal forma que, em sua fase mais avançada, os rins não conseguem manter a normalidade do meio interno do paciente, que necessita, portanto, de procedimento dialítico ou transplante renal (KDOQI, 2000). 

A DRC é classificada em cinco estágios, de acordo com a evolução e gravidade da doença, conforme tabela abaixo. Intervenções nutricionais devem ser iniciadas a partir do estágio 2.

Os principais fatores de risco para DRC incluem diabetes mellitus não controlada (constantes episódios de hiperglicemia) e hipertensão não controlada, portanto, o controle da glicemia e da ingestão de sódio nunca devem ser negligenciados no atendimento nutricional para que, entre outros desfechos, o quadro não leve a perda da função renal (KDOQI, 2000).  

 Quando a DRC é diagnosticada, outros fatores devem ser levados em consideração já que estes pacientes apresentam risco aumentado para distúrbios nutricionais e metabólicos que incluem: desnutrição energético-proteica, obesidade, hipovitaminose, acúmulo indesejável de eletrólitos e de resíduos metabólicos (Ikizler TA & Cuppari, 2021).

 Assim, a promoção de cuidados nutricionais adequados para estes pacientes é fundamental para prevenir e/ou minimizar tais complicações, além de controlar riscos para desfechos desfavoráveis (Ikizler TA, 2020).

 Depois de 20 anos da publicação do KDOQI pelo National Kidney Foundation (NKF), foi recentemente publicada a nova versão desta diretriz, com atualizações para o tratamento nutricional de pacientes com DRC. 

 A nova diretriz traz atualizações quanto a avaliação nutricional, terapia nutricional, recomendações de macronutrientes, suplementação nutricional, micronutrientes e de eletrólitos (Ikizler TA, 2020). 

 

Cuidado com o controle do potássio

https://vivesanobrasil.org/pb/desafios-no-atendimento-nutricional-de-pacientes-com-doenca-renal-cronica/Pacientes com perda de função renal tendem a não excretar de forma adequada o potássio. Por este motivo, em muitos casos, o consumo de alimentos fonte de potássio é restringido na dieta, com o intuito de não elevar os níveis deste mineral no sangue.

O potássio aumentado, ou a hipercalemia, pode trazer problemas graves aos pacientes, como arritmias, descontrole neuromuscular e inclusive a parada cardíaca (Pun et al, 2011).

 Diferente do que muitos pensam, as fontes de potássio na dieta não se resumem às frutas e hortaliças, sendo que alimentos como as carnes vermelhas, brancas, frutos do mar, entre outros alimentos, também contêm grande quantidade de potássio (Cupisti et al, 2018).

 Ainda, nem todas as frutas ou hortaliças são consideradas ricas em potássio, e as verduras e legumes podem ser cozidas em água para auxiliar na redução de potássio do alimento (Yeung et al, 2019).

 Nos últimos anos pesquisadores vêm observando que, em muitos casos, a restrição de frutas e hortaliças em pacientes com doença renal crônica (DRC) são mais elevadas do que o necessário, e a questão que surge é se seria realmente necessário restringir de forma tão expressiva alimentos saudáveis como frutas, verduras e legumes (Ramos et al, 2021; Yeung et al, 2019).

 Importante ressaltar que não só a dieta pode causar hipercalemia, constipação, diabetes mellitus e acidose metabólica, também são alguns dos fatores que podem aumentar o potássio sérico de pacientes com DRC e, portanto, sempre devem ser levados em consideração antes de restringir o potássio na dieta (Ramos et al, 2021; Yeung et al, 2019).

Autora: Dra. Maria Fernanda Naufel 

Quer aprender mais sobre esse assunto onde a intervenção nutricional faz toda a diferença no prognóstico do paciente?

Não perca nosso Workshop Desafios no atendimento nutricional de pacientes com doença renal crônica, com a Profa Dra. Lilian Cuppari, uma das maiores autoridades mundiais no assunto! 

Data: 19/03/2022

 

Referências

Ikizler TA & Cuppari. The 2020 Updated KDOQI Clinical Practice Guidelines for Nutrition in Chronic Kidney Disease. Blood Purif. 2021;50(4-5):667-71.

K/DOQI Clinical Practice Guidelines for Nutrition in Chronic Renal Failure. Am J Kidney Dis 35:S17-S104, 2000. 

Ikizler TA, Burrowes J, Byham-Gray L, Campbell KL, Carrero JJ, Chan W, et al. The 2020 Updated KDOQI Clinical Practice Guidelines for Nutrition in Chronic Kidney Disease. 2020;76(3):S1-S107.

Cupisti A, Kovesdy CP, D’Alessandro CD, Zadeh KK. Dietary Approach to Recurrent or Chronic Hyperkalaemia in Patients with Decreased Kidney Function. Nutrients. 25;10(3):261. 2018. DOI: 10.3390/nu10030261

 Pun PH, Lehrich RW, Honeycutt EF, Herzog CA, Middleton JP. Modifiable risk factors associated with sudden cardiac arrest within hemodialysis clinics. Kidney Int. 79(2):218-27. 2011. DOI: 10.1038/ki.2010.315

 Ramos C, González-Ortis A, Espinosa-Cuevas A, Avesani CM, Carrero JJ, Cuppari L. Does dietary potassium intake associate with hyperkalemia in patients with chronic kidney disease? Nephrol Dial Transplant. 9;36(11):2049-2057. 2021. DOI: 10.1093/ndt/gfaa232

 Yeung SMH, Vogt L, Rotmans JI, Hoorn EJ, Borst MH. Potassium: poison or panacea in chronic kidney disease? Nephrol Dial Transplant. 1;34(2): 175:180. 2019 DOI: 10.1093/ndt/gfy329

 

 

Qual é a principal função da melatonina?

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Qual é a principal função da melatonina?

A melatonina, considerada o hormônio do sono, é produzida pela glândula pineal (que fica no cérebro). Ela é regulada pelo ciclo claro/escuro. Dessa forma, quando escurece, a pineal é “ativada” e começa a produzir melatonina, que é liberada no sangue e induz o indivíduo ao sono.

Por isso é importante não utilizar muita iluminação ou aparelhos eletrônicos (celular, tablet, televisão, etc) à noite, pois estes inibem a produção da melatonina (Scholtens et al, 2016)!

A  melatonina também é encontrada em muitos alimentos. Em estudo recente e inédito da UNIFESP, investigou-se a influência de alimentos como fontes naturais de melatonina. Os resultados mostraram que o consumo destes alimentos tem o potencial de aumentar as concentrações de melatonina e melhorar a qualidade do sono.

Assim, a ingestão diária de alimentos fonte deste neuro-hormônio pode ser utilizada como terapia alternativa e natural para a prevenção e tratamento de distúrbios do sono (Pereira et al, 2020).  

Fontes de melatonina de origem animal:

  • ovos
  • peixe
  • carne
  • leite animal (incluindo o materno)

Fontes de melatonina de origem vegetal:

  • trigo
  • aveia
  • cevada
  • uva (incluindo o suco e vinho)
  • cereja 
  • morango
  • kiwi
  • tomate
  • cogumelos. 

Referências

Scholtens RM, van Munster BC, van Kempen MF, de Rooij SE. Physiological melatonin levels in healthy older people: A systematic review. J Psychosom Res. 2016;86:20-7. 

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0022399916302100?via%3Dihub

Pereira N, Naufel MF, Ribeiro EB, Tufik S, Hachul H. Influence of dietary sources of melatonina on sleep quality: a review. J Food Sci. 2020;85(1):5-13. https://onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1111/1750-3841.14952

A ciência e o conhecimento dentro da área da nutrição e medicina são dinâmicos, e os estudos atuais já apontam para a estreita relação da nutrição com a qualidade do sono. 

Você pode aprofundar os seus conhecimentos sobre o tema no Curso Intensivo Nutrição e o Sono, uma nova proposta acadêmica lançada pelo Instituto Universitário Vive Sano, que busca colocar profissionais da saúde à frente do seu tempo.

Qual é o papel da microbiota intestinal no corpo humano?

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Qual é o papel da microbiota intestinal no corpo humano?

A microbiota é um ecossistema complexo de micro-organismos que habitam diferentes partes do corpo humano, mais de 70% da microbiota se encontra ao longo do trato gastrointestinal, desde a luz gástrica até o cólon, em uma relação mútua com o hospedeiro. 

No trato gastrointestinal, podem ser encontradas entre 500 e 1000 espécies diferentes de micro-organismos, com grande variabilidade, podendo-se afirmar que cada indivíduo possui sua impressão digital bacteriana. A parte distal do intestino é 90% povoada por dois filos bacterianos, os Bacteroidetes e os Firmicutes.

A microbiota desempenha um papel na regulação de vários mecanismos bioquímicos e fisiológicos por meio da produção de metabólitos e substâncias. Graças à capacidade limitada dos mamíferos em digerir polissacarídeos, eles se tornam o principal substrato para manutenção, proliferação e são a principal fonte de energia para micro-organismos no cólon.

Por meio da degradação de polissacarídeos, os Bacteroidetes produzem ácidos graxos de cadeia curta (SCFAs), principalmente acetato e propionato, e os Firmicutes produzem butirato. O acetato é absorvido e depois transportado para o nível periférico, onde atua como substrato para a síntese do colesterol, enquanto o propionato, absorvido pela circulação portal, participa ativamente da gliconeogênese.

O butirato, como principal fonte de energia para os colonócitos, demonstrou aumentar a sensibilidade à insulina em camundongos e tem uma ação anti-inflamatória que foi recentemente investigada como possuindo uma possível ação “antiobesogênica”. O butirato promove a estabilidade da herança celular, favorecendo a conversão de células com fenótipo neoplásico em não neoplásico.

A produção de SCFAs também é estimulada pelo metabolismo anaeróbico de substratos proteicos e/ ou peptídicos (putrefação), que geram substâncias potencialmente tóxicas como amônia, aminas, fenóis, tióis e indóis.

Os SCFAs, resultantes da atividade enzimática da microbiota sobre os carboidratos não digeridos, exerce as seguintes ações biológicas:

  • Modulação glicêmica, geralmente com efeito hipoglicêmico.
  • Ação na homeostase da glicose: efeito inibitório da glicólise e estimulação da lipogênese ou gliconeogênese.
  • Controle inibitório da produção excessiva de colesterol, por meio da ação direta sobre a síntese das enzimas envolvidas em sua produção.
  • Regulação da saciedade por meio de peptídeos, como a leptina, envolvidos em seu controle. Em particular, foi demonstrado que os SCFAs diminuem a ingestão aguda de energia sem aumentar a concentração do peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1) ou do peptídeo YY (PYY) em humanos e roedores.  
  • Regulação da atividade cinética intestinal, transporte de fluídos e ação mucoprotetora.
  • Ação anticancerígena
  • Ação anti-inflamatória

Há evidências crescentes de que qualquer modificação na composição da microbiota pode ter um impacto negativo em suas funções fisiológicas. Para isso, existem dois termos-chave: eubiose e disbiose.

O termo eubiose refere-se a uma condição de equilíbrio qualitativo e quantitativo entre as diferentes espécies de micro-organismos que compõem a microbiota e que garantem uma produção correta dos metabólitos e substâncias necessárias ao bom funcionamento do nosso organismo.

O termo disbiose indica uma alteração na composição e função da microbiota, com dois resultados negativos possíveis: primeiro, a produção incorreta de todos os metabólitos e substâncias essenciais para o desempenho das funções fisiológicas. Em segundo lugar, o aumento da produção de metabólitos prejudiciais.

Esse desequilíbrio e modificação na composição da microbiota podem levar a diferentes doenças, incluindo doenças metabólicas, como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.

Este texto foi escrito por: Angelica Quinteros

Referência:

Pascale, A., Marchesi, N., Marelli, C. et al. Microbiota y enfermedades metabólicas. Endocrine 61, 357–371 (2018). https://doi.org/10.1007/s12020-018-1605-5.

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